terça-feira, março 31, 2009

Não Abra e Não Clique bombando em SP




Deu no Jornal da Tarde de hoje!




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segunda-feira, março 23, 2009

Cecília & Nico

Cecília estava sozinha em casa quando ligou o rádio. O silêncio sempre a incomodou tanto que nunca se permitiu ficar segundos em suspenso. Seu medo era ouvir os próprios pensamentos, nem sempre agradáveis, muitas vezes acusatórios. Apertou o botão esperando que tocasse qualquer coisa, qualquer som, não interessava qual. Interessava que a música tocasse e a tirasse de seu mundo interior. Mas o aparelhinho, traiçoeiro, quis que Cecília ouvisse uma voz muito mais intrigante que a sua própria. O rádio tocou Nico. “Femme Fatale”. Nico e Velvet. Sombria, sexy, atormentada. Here she comes, you better watch your step/She’s going to break your heart in two, it’s true… Cecília sentiu Nico pegando seu coração com as mãos e apertando, como quem dissesse: “Você não pode escapar de sentir, minha cara. Não pode viver impunemente sem silêncio”. Cecília forçou a respiração, conseguiu escapar das mãos de Nico. Mas a voz… Cause everybody knows (she’s a femme fatale)/The things she does to please (she’s a femme fatale)/ She’s just a little tease (she’s a femme fatale)/See the way she walks/Hear the way she talks… Quanta dor aquela mulher carregava na voz, e Cecília só conseguia pensar que devia parar de fugir. Não tinha mais idade para alienar-se. Just look into her false colored eyes... Os olhos de Cecília arregalados, momento de epifania. Era alívio, era luz no fim do túnel, o recado de Nico era simplesmente “Pare de fugir”. Desligou o rádio e finalmente ouviu.

quinta-feira, março 12, 2009

Clichês da insatisfação

Não sabe se vai ou se fica
Se fica, quer ir
Se vai, quer ficar
Chora no avião porque está chegando
Chora mais ainda quando está partindo
É a incrível capacidade humana de querer o que não se tem
O prazer masoquista de sentir saudade
nostalgia
ansiedade
E todos esses sentimentos de coisas abstratas
O palpável não serve
O presente é só angústia
O passado é que era bom
O futuro será melhor
Errado, tão errado...
Erradíssimo!
Tsc. Humanos.

domingo, março 01, 2009

Operación Madalena

Querido diário,

Estou cansada do que tenho entre as pernas. Como algo pode ser tão inútil? Pior: como alguns se satisfazem com isso? Ao contrário das pessoas que conseguem dar sentido a este “estorvo” – algumas amigas chegam a fazer dinheiro - , eu sou radical. Não gosto, não quero e pronto. Isso não me pertence, parece que foi colocado em mim por algum ET quando eu era criança e fui abduzida. Gostaria de ter mais lembranças deste dia, deve ter sido divertido. Não para mim, mas para as malditas bichas alienígenas que modificaram meu corpo e me acrescentaram “isto”. Se soubessem os problemas psicológicos que me causaram... Toda vez que me olho nua no espelho me sinto um freak, um weirdo, e todos estes adjetivos do Radiohead. I don't belong here.

Tenho sonhos confusos, às vezes sonho que tenho barba. Outras que meu peito sumiu. Imagine... 400 ml de silicone não desapareceriam assim, de repente. Mas no meu sonho, costumo ficar mais despeitada que a Kate Moss. E olha que nem cheiro. Uma vez sonhei que me chamavam de Cauby Carlos. Pesadelo! Ele já morreu faz tempo. Hoje só existe Madalena, Madá, e ai de quem ressuscite Cauby Carlos, nome cafona dos infernos.

Quando estou assim, nervosa, tento relaxar com Almodóvar. Eu sei, é o clichê das bichas arrasadas – não o Almodóvar, mas ver Almodóvar quando se está deprimida. Mas, quer saber? Só pioro, e ainda mais que lembro de mamãe. Ela ficou de me dar dinheiro para a operação, mas empacotou antes, a danada. Acho que preferiu morrer de desgosto do que ver seu Caubyzinho – afe! – virar Madá. Mas, mamy, onde quer que você esteja, só tenho uma coisa a lhe dizer: já era. Não vou abandonar meu sonho, nem que você venha especialmente do inferno para me assombrar. Mamacita querida.

Bem, dear diary, cansei. Cansei de ser sexy, de ser homem, de tudo. Cansei de ser uma alma atormentada. Preciso de dinheiro para a operação e vou conseguir. Nem que eu tenha que fazer como algumas amigas e usar o “estorvo” para faturar.

Love,Madalena