sábado, outubro 25, 2008

Febre

Eram dez horas quando ele entrou no quarto dela. “Hora do remédio”, disse. Um tanto sonada, ela somente assentiu com a cabeça. Tomou a medicação e fechou os olhos, achando que o médico sairia do quarto. No fundo, queria que ele ficasse, estava tão sozinha naquele hospital. Além do mais, ele era bonito. Mesmo que não fosse, estava de uniforme branco e isso acabava com qualquer possibilidade de imperfeição. 

Silêncio. Achou que tivesse ido embora. “Agora sente-se, mantenha os olhos fechados e abra os braços”, ele disse. Ainda estava lá. Talvez tenha ficado para fazer exames extras. Ela o obedeceu e então sentiu um abraço masculino forte. De jeito algum, aquilo não era exame. Médico e paciente abraçados num quarto de hospital. E se uma enfermeira entrasse? E se julgassem mal aquele encostar de corpos, que era nada além do que um simples abraço? 

Não era tão simples assim. Ele roçou os lábios nos ouvidos dela. “Não consigo resistir”. Um médico sussurrando em seu ouvido. Ele a estava desejando, ela era uma paciente, como isso era possível? Um rubor subiu-lhe a face, um calor incontrolável lhe acendeu. Começou a mordiscar o pescoço dele, um pescoço de médico. Abriu os olhos e o viu em transe. Com sua roupa branca, indefeso perante os lábios e dentes da paciente. A médica agora era ela e iria cuidar daquele homem enfermo, apaixonadamente doente. 

Deitou-o no leito, tirou-lhe o uniforme branco, beijou-o por inteiro, até que ele tremeu. O quarto estava quente, ambos pingavam de suor, poucos minutos e uma enfermeira entraria com a comida. A médica não se importou com o risco, tampouco o paciente nu e sedento. Mas a enfermeira entrou, acendeu a luz e viu: a pobre paciente delirando e gemendo, talvez febril, talvez só sonhando. 

Quando acordou e viu a enfermeira intrigada em sua frente, a paciente teve raiva do médico que não estava ali, nunca esteve e provavelmente nunca estaria.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ai, que vergonha do que ela pode ter dito durante o delírio...

Anônimo disse...

Respondendo seus comentários no meu blog:

1) Sim, Mark Ronson é cunhado da Lindsay Lohan. A irmã dele é mais macho que ele.

2) Snuff movies são filmes amadores e criminosos em que pessoas sofrem abuso sexual, são torturadas e assassinadas de verdade. Há clientes que pagam caro por esse tipo de vídeo no mundo todo, embora muita gente pense que se trata de lenda urbana. Eu acredito que não seja, pois tem gente pra tudo, certo? O filme "8mm", com o o Nicolas Cage, é sobre isso.

3) Eu ia adorar se você escrevesse um livro digno de ser banido por alguma cultura!

Beijo!

Elaine disse...

Adorei...