“E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.”
Ele nem gosta de Legião. Mas ela gosta, fato assumido em um bate-papo virtual, recentemente. No entanto, ela sabe que ele sabe que, nesse caso, Renato Russo sabe. Não tem como negar, “Índios” têm tudo a ver com o agora.
Ela acorda sentindo falta dele (o “dele” dela, que fique bem claro). Dos filmes que eles não viram juntos, das músicas que não os embalaram, dos projetos que eles ainda nem fizeram. Mas vão fazer. Vão mesmo? É isso o que ela mais quer, o rumo que ela quer seguir, rumo este que estava em ziguezague e de repente se transformou em reta. Para o infinito, de infinitas possibilidades, de sensações ainda não-descobertas, de peças que se encaixam e talvez não queiram se desencaixar tão cedo.
E ela se pergunta, como pode sentir saudade do que não aconteceu, do que está apenas iminente, latente, pronto para explodir, mas ainda não...? Renato Russo sabe, e deve estar mandando explicações para ela, em sonho. Porque hoje mesmo, assim, de supetão, ela pensou numa resposta: é a sensação do atemporal, das lembranças que não são do passado ou do futuro, que pairam na estranha atmosfera do imaginário. Não importa se já aconteceram ou vão acontecer. Elas já existem, estas lembranças. E ninguém poderá tirar isso dela, talvez nem dele.
Um mundo só dos dois, universo paralelo em que tudo é poeira de estrelas. Doce e amargo. Mas ainda assim, concreto como pedra (duvido que o Renato saiba dessa. Mas ele sabe. O “ele” dela, que fique bem claro).
quarta-feira, janeiro 24, 2007
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