quinta-feira, janeiro 15, 2009

O Outro

No início de tudo, Y. tinha uma certa curiosidade em relação ao Outro. Natural, ambos estavam dividindo certas coisas e sentiam vontade de descobrir quem era o invasor. Sabia das inseguranças do Outro e as entendia como um processo que, um dia, chegaria ao fim.

O tempo passou, Y. foi se esquecendo do Outro e ambos pareciam estar seguindo suas vidas. Eventualmente ouvia opiniões de pessoas próximas sobre o Outro: Fulano o achava antipático, pois não conversava com ninguém; Beltrano o chamava de chato porque o Outro bebia pouco e ia sempre embora cedo. Um terceiro revelou ainda que o Outro tinha o “rei na barriga” e nunca nem lhe disse “bom dia”.

Y. nunca pensou que o Outro era tão odiado e ia ouvindo os relatos com um certo prazerzinho. Afinal, todos adoravam Y. e elogiavam sempre o fato de ele ser mais agradável que o Outro.

Mas o tal prazer de ser melhor deixou-o intrigado quando percebeu que o Outro continuava vigiando sua vida. De alguma forma, sentia-se encurralado por ele, como num estranho Big Brother virtual. Y. sabia que era observado, e que o Outro, inconscientemente, queria estar em seu lugar.

Hoje em dia, Y. espera que isso passe rápido. Ou que, quem sabe, ele e o Outro possam se tornar amigos. Porque, como diriam os besouros ingleses...

“Life is very short and there’s no time for fussing and fighting, my friend”.

4 comentários:

Mariana Valle disse...

Baby!!!! Eu me sinto igualzinha a Y e acho que você sabe exatamente de que situação específica eu estou falando... Aliás, suspeito ainda que esse conto não tem nada de surreal, porque além de quase-cópia de parte da minha vida, foi cópia da sua também... Será???

Muito bom!
Bjs,
Poppins

Anônimo disse...

eu já tive meu momento de Y e meu momento de outro! hehehe
beijo,
re

Rodrigo Reis disse...

história de todos e de ninguém.
bj.

Anônimo disse...

Tô achando que Y é esquizofrênico...