sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Barbara

Sem saber o motivo, começou a pensar no próprio nome. Barbara. Repetiu-o algumas vezes, estranhando a sonoridade. Barbara. Barbara. “Nome bruto”, pensou. Olhou-se no espelho e encarou a imagem. “Então essa sou eu”. Não se reconheceu. Reparou em cada detalhe do rosto refletido: olhos, nariz, boca. O buraquinho no lado esquerdo da bochecha. Esta pessoa era ela, assim como era ela o nome estranho repetido diversas vezes. Mas nada lhe era familiar, nem o nome, nem a imagem. Em seu mundo interior, Barbara era uma figura sem forma, uma sensação, um buraco negro que ora se esticava, ora se encolhia. Não tinha rosto, muito menos uma palavra que a designasse. Ela era seus sentidos, era o que enxergava, ouvia, pegava, comia e cheirava. O espelho lhe mostrou um ser desconhecido. Um ser chamado Barbara, que, por acaso, ela era mesma. Muito prazer.

3 comentários:

Anônimo disse...

Barbara tem andado muito existencialista ultimamente.

Anônimo disse...

bárbaro!

beijo gostoso!

Rodrigo Reis disse...

muito bom. foi longe, heim gata? fenomenologia, esquizoanálise, muro branco dos sentidos, buraco negro da existência. deleuze iria gostar de ler isso.
beijão.