Sentados numa mesa de bar, mulher e homem conversam.
H: É impressão minha ou um leve purpurinar pousa sobre seus dedos?
M: Porra nenhuma. Falta arte em minha vida. Acho que fui deixando tudo encraquelar pelo caminho. Perdi muitos pedaços.
H: Então recolhe os cacos. E lança essa tua purpurina por aí. As pessoas vão gostar. As pessoas sempre gostam de você.
M: Eu queria era estar em Paris, nos anos 20. Mergulhada na Belle Époque. Mas acho que nos anos 20, ninguém ia achar graça em mim.
H: Nos anos 20, querida, ninguém teria graça. Você iria precisar de muita purpurina. Pensa só: Picasso, Hemingway, Chanel, Beckett? Não é essa mediocridade de hoje em dia.
M: Tirando o Waly. Ele me visitou essa noite. Com seus cabelos encaracolados e sorriso largo de sempre. Ficou repetindo: “A vida é sonho! A vida é sonho! A vida é sonho!”.
H: É um sinal, querida. Preste atenção, pois é um sinal. Waly nunca falha.
M: Sim... Mas eu estou tão cansada...
H: Não importa não, minha honey baby.
terça-feira, abril 08, 2008
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2 comentários:
Ele sabe tudo mesmo.
Só vi Waly uma vez, numa cerimônia de entrega do Jabuti. Ele estava no assento à frente do meu, bêbado, gritando barbaridades na direção do palco. Só pra se divertir, fazer rir e desencaretar um pouco aquela chatice. Fiquei com uma ótima impressão.
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