quarta-feira, julho 23, 2008

Procura-se morfina

Ela tem molas que espremem suas entranhas.
Ela tem um animal que corrói o fígado como a ave de Prometeu.
Ela tem agulhas no estômago, alfinetes na vesícula.
Ela tem amarras nas vértebras e hastes cravadas no ouvido.
Ela tem mãos que lhe apertam o coração; sacos plásticos no pulmão.
Tudo nela dói, desde o mindinho do pé ao último neurônio do cérebro.
Mas, como toda mulher, suporta as dores.
Aprendeu a conviver com elas, se bem que anda um tanto farta.
Procurou marceneiros, veterinários, costureiros, marinheiros.
Ninguém conseguiu libertá-la dos objetos de tortura.
Dizem que continua vagando. Buscando, talvez, um farmacêutico que lhe dê injeções de morfina.

4 comentários:

Corinto disse...

snif...
me emocionei...
:(

Anônimo disse...

Estava falando sério no post anterior.

Anônimo disse...

Lindo!

Anônimo disse...

essas dores que comem de dentro e de fora, Deus, nem me fale.

sempre que você manda e-mail do blog eu venho aqui, continue mandando. e eu inventei de novo um blog, mais pra organizar palavras pra mim mesma do que qualquer outra coisa. cuén!

bisous, bela.