Às vezes eu olho tudo de longe, como se não fizesse parte do todo. Só assim consigo enxergar a importância das coisas. Sinto uma pena tão grande que tenho vontade de colocar todos no colo, cuidar e dizer: vai passar. It’s all so beautiful and so sad. E tão misterioso que vai além da minha compreensão. Se bem que às vezes sinto entender tudo, e tenho raiva por choramingar à toa. Se ao menos olhar tudo de longe me fizesse sair do lugar...
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sábado, maio 16, 2009
Epifania matinal de inverno
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sábado, setembro 20, 2008
“As pessoas enlouquecem calmamente…”
Vive entre os loucos
De pedra, do metrô, das avenidas
Gesticulantes, ameaçadores
Loucos de bebida
Loucos de cabeça – ruim ou boa
Eles a querem
Perseguem seus passos
Xingam-na nas plataformas
Apontam o dedo contra ela, que se encolhe
Devem pensar:
“Lá se vai uma louca que pensa ser normal”
Se soubessem que ela sabe
Que no fundo, é como eles
Só ainda não perdeu o último parafuso
Que, aliás, anda frouxo, frouxo
Talvez prestes a cair no ralo
Esvaindo-se na água junto com o fiapo de sanidade que lhe resta
De pedra, do metrô, das avenidas
Gesticulantes, ameaçadores
Loucos de bebida
Loucos de cabeça – ruim ou boa
Eles a querem
Perseguem seus passos
Xingam-na nas plataformas
Apontam o dedo contra ela, que se encolhe
Devem pensar:
“Lá se vai uma louca que pensa ser normal”
Se soubessem que ela sabe
Que no fundo, é como eles
Só ainda não perdeu o último parafuso
Que, aliás, anda frouxo, frouxo
Talvez prestes a cair no ralo
Esvaindo-se na água junto com o fiapo de sanidade que lhe resta
terça-feira, julho 15, 2008
14 latão
Terminal Rodoviário Menezes Cortes, centro do Rio. Uma bêbada entra no banheiro e pede a uma sóbria que está ali para segurar a porta, que não tem trinco.
Bêbada: Segura pra mim. Esse banheiro dá muito tarado.
Sem alternativa, a sóbria segura a porta imunda.
Bêbada: Colega, tô bebinha...Também, desde 7 horas da manhã no goró!
São cinco da tarde.
Sóbria: Você tá bebendo há dez horas??
Bêbada: É que eu trabalho na barraca ali na frente.
Sóbria: De bebida?
Bêbada: Não, de doce. Mas tem a barraca do lado, né? Aí eu vendo um pouquinho, bebo um pouquinho... Só hoje foram 14 latão e 3 quente!
Sóbria: Mentira!
Bêbada: Verdade! Te juro pra você.
A bêbada dá a descarga.
Sóbria: Se eu bebo 14 latões, saio carregada. É muita coisa!
Bêbada: Ah, que isso... 14 latão tu num guenta? Nem 14 latinha?
Sóbria: Nem latão nem latinha.
Bêbada abre a porta da cabine.
Bêbada: Tu é fraca, hein, colega!
Sóbria: Tu que é sinistra, colega...
Bêbada: É só beber coca-cola e chupar muita bala.
Sóbria: E engov? Sonrisal?
Bêbada: Isso é balela, minha filha. Tem que botar é açúcar no sangue. Depois chega em casa e dá um trato no marido.
Sóbria: Ele não reclama não?
Bêbada: Reclamar de quê? Tô botando dinheiro em casa. Ai dele se der um ai.
Sóbria: Tá certa... Bem, vou lá!
Bêbada: Valeu, colega! Vai treinando em casa que tu consegue. Depois vem aqui competir comigo.
A bêbada ri, sabendo que aquela sobriazinha fajuta nunca seria páreo para ela.
Sóbria: Ah, pode deixar. Quando eu fizer 14 latões, falo contigo.
Bêbada: Aí vai ser tarde demais. Essa noite eu chego nos 20.
A sóbria acha graça e trata de sair dali. Pega um frescão de 6 reais. A bêbada volta para a barraquinha de doces, onde segue rumo aos 20 latões.
Bêbada: Segura pra mim. Esse banheiro dá muito tarado.
Sem alternativa, a sóbria segura a porta imunda.
Bêbada: Colega, tô bebinha...Também, desde 7 horas da manhã no goró!
São cinco da tarde.
Sóbria: Você tá bebendo há dez horas??
Bêbada: É que eu trabalho na barraca ali na frente.
Sóbria: De bebida?
Bêbada: Não, de doce. Mas tem a barraca do lado, né? Aí eu vendo um pouquinho, bebo um pouquinho... Só hoje foram 14 latão e 3 quente!
Sóbria: Mentira!
Bêbada: Verdade! Te juro pra você.
A bêbada dá a descarga.
Sóbria: Se eu bebo 14 latões, saio carregada. É muita coisa!
Bêbada: Ah, que isso... 14 latão tu num guenta? Nem 14 latinha?
Sóbria: Nem latão nem latinha.
Bêbada abre a porta da cabine.
Bêbada: Tu é fraca, hein, colega!
Sóbria: Tu que é sinistra, colega...
Bêbada: É só beber coca-cola e chupar muita bala.
Sóbria: E engov? Sonrisal?
Bêbada: Isso é balela, minha filha. Tem que botar é açúcar no sangue. Depois chega em casa e dá um trato no marido.
Sóbria: Ele não reclama não?
Bêbada: Reclamar de quê? Tô botando dinheiro em casa. Ai dele se der um ai.
Sóbria: Tá certa... Bem, vou lá!
Bêbada: Valeu, colega! Vai treinando em casa que tu consegue. Depois vem aqui competir comigo.
A bêbada ri, sabendo que aquela sobriazinha fajuta nunca seria páreo para ela.
Sóbria: Ah, pode deixar. Quando eu fizer 14 latões, falo contigo.
Bêbada: Aí vai ser tarde demais. Essa noite eu chego nos 20.
A sóbria acha graça e trata de sair dali. Pega um frescão de 6 reais. A bêbada volta para a barraquinha de doces, onde segue rumo aos 20 latões.
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