sexta-feira, setembro 15, 2006

M.

Ele é misterioso, estranho. Suas mãos pequenas tremem, está sempre de olhos vidrados. Fala e anda com urgência, parece desesperado pra vomitar tudo aquilo que lhe borbulha as entranhas. Mas ainda assim, louco, ela gosta dele, ela quer estar com ele. Fica imaginando como é sua casa, como é o cheiro das suas roupas. Que música ele ouve? Ela sabe que conviver com ele deve ser complicado. Toda aquela energia espasmódica deve cansar. Mas que importa, ela quer beijá-lo, ela o quer. Só fala com ele olhando nos olhos. Sempre que pode encosta as mãos no braço dele. Outro dia, tascou-lhe um beijo no rosto, de supetão. Ele gosta, ah, mas é claro que sim. Mas ela tem que parar com esse estranho fetiche de desejar estranhos só por que eles são estranhos. Isso faz dela uma estranha também?

E as mãos dele tremem. E ele anda de um lado pro outro. E fala. Urgência, agonia, explosão. Suor. "Mas como ele sua", ela pensa, enquanto o observa. Os olhos dela vidrados nele. Os olhos dele vidrados no nada.

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