Terminal Rodoviário Menezes Cortes, centro do Rio. Uma bêbada entra no banheiro e pede a uma sóbria que está ali para segurar a porta, que não tem trinco.
Bêbada: Segura pra mim. Esse banheiro dá muito tarado.
Sem alternativa, a sóbria segura a porta imunda.
Bêbada: Colega, tô bebinha...Também, desde 7 horas da manhã no goró!
São cinco da tarde.
Sóbria: Você tá bebendo há dez horas??
Bêbada: É que eu trabalho na barraca ali na frente.
Sóbria: De bebida?
Bêbada: Não, de doce. Mas tem a barraca do lado, né? Aí eu vendo um pouquinho, bebo um pouquinho... Só hoje foram 14 latão e 3 quente!
Sóbria: Mentira!
Bêbada: Verdade! Te juro pra você.
A bêbada dá a descarga.
Sóbria: Se eu bebo 14 latões, saio carregada. É muita coisa!
Bêbada: Ah, que isso... 14 latão tu num guenta? Nem 14 latinha?
Sóbria: Nem latão nem latinha.
Bêbada abre a porta da cabine.
Bêbada: Tu é fraca, hein, colega!
Sóbria: Tu que é sinistra, colega...
Bêbada: É só beber coca-cola e chupar muita bala.
Sóbria: E engov? Sonrisal?
Bêbada: Isso é balela, minha filha. Tem que botar é açúcar no sangue. Depois chega em casa e dá um trato no marido.
Sóbria: Ele não reclama não?
Bêbada: Reclamar de quê? Tô botando dinheiro em casa. Ai dele se der um ai.
Sóbria: Tá certa... Bem, vou lá!
Bêbada: Valeu, colega! Vai treinando em casa que tu consegue. Depois vem aqui competir comigo.
A bêbada ri, sabendo que aquela sobriazinha fajuta nunca seria páreo para ela.
Sóbria: Ah, pode deixar. Quando eu fizer 14 latões, falo contigo.
Bêbada: Aí vai ser tarde demais. Essa noite eu chego nos 20.
A sóbria acha graça e trata de sair dali. Pega um frescão de 6 reais. A bêbada volta para a barraquinha de doces, onde segue rumo aos 20 latões.